14.5.08

Uma Viagem Inesquecivel

Claro que em todo o meu tempo de tropa tenho muitas histórias para contar, mas escolhi esta:

A Grande Viagem
Decorria o ano de 1966 e eu frequentava o 1ºCiclo do Curso de Sargentos Milicianos em Nova Lisboa-Angola.A determinada altura foi-nos concedida uma licença de 3 dias de férias,oportunidade para ir até ao Lobito matar as saudades da terra e principalmente da namorada.Como o dia de apresentação era a uma 2ªfeira ás 8 horas, não podiamos regressar de comboio uma vez que essa era a hora da sua chegada á estação,ficando esta bastante longe do quartel.Combinámos então entre os Lobitangas levarmos as motorizadas no comboio e assim já podiamos regressar a tempo e horas.
Passados os 3 dias (como passaram depressa) lá fui eu bem enroupado,com o depósito atestado da minha Florett para o local préviamente combinado afim de partirmos todos juntos.Já passava muito da hora combinada e alem de mim só apareceu o Mateus e que por sinal era um dos penduras.Resolvemos ir á estação dos caminhos de ferro e lá estavam todos para irem de comboio uma vez que os pais não os deixaram fazer aquela loucura.
Seriam umas 5 da tarde e lá arranquei eu com o Mateus a caminho de Nova Lisboa que fica a cerca de 350 kms,do Lobito.Os primeiros 40-50 Kms até ao Pundo tudo asfalto e depois 250 Kms em terra batida e picada até ao Alto-Hama, onde chegámos por volta das 8 ou 9 da noite.Comemos qualquer coisa e juntamente com outros camaradas que vinham de Luanda fizemo-nos á estrada para os últimos 6o Kms já em asfalto.Viagem fantástica, numa motorizada fantástica!
A 10 Kms da chegada a moto foi-se abaixo, acabou-se a gasolina!Nunca mais me lembrei de tal coisa, e agora? Um dos companheiros de Luanda prontifica-se a ir a N.Lisboa e trazer-nos combustivel suficiente para o resto da viagem.Assim foi.Transportou o precioso liquido numa lata que tinha sido de óleo,que o empregado das bombas lhe arranjou.Deitada a gasolina no depósito, há que dar ao pedal de arranque mas nunca mais pegou.Nem de pedal nem de empurrão.Viu-se vela,platinados,e nada,a rapariga nunca mais trabalhou. E pronto lá fomos a pé os tais 10 Kms que para ajuda eram todos a subir...nunca a mota me pesou tanto!
Depois do dia de recruta e a seguir ao toque de ordem,fui buscar a motorizada á oficina onde a tinha deixado para o respectivo arranjo.Perguntei o que tinha acontecido e foi-me dito pelo mecânico que a moto não queimava água.Água?Mas como água? Eu não sei você é que tem de saber como é que o carburador estava cheio de água,responde-me o dono da oficina. Chegámos então á conclusão de que foi o empregado da bomba que ao meter a gasolina na lata não reparou que a mesma tinha alguma água no fundo e como é mais pesada que a gasolina foi ela que ficou no carburador e daí o nosso azar.
Mas o mais giro é que a cambada que regressou de comboio,embora entrando atrasados safaram-se de levar uma "porrada" porque o Comandante da Companhia foi um porreirão.
Mas não pensem que me arrependi de ter feito aquela fantástica viagem!Ainda fiz mais 3 e sempre de mota ...

Nenhum comentário: